Prison of Oblivion
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Mensagem por Ayra Wlodzrek Ziemowit Qui Jul 23, 2015 2:36 pm


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Esta RP tem Ayra Wlodzrek Ziemowit e Finn S. Bennington como protagonistas, é fechada para qualquer coadjuvante que não seja convidado por algum dos citados anteriormente. Ocorre na quadra poliesportiva a céu aberto. Passa-se às 18h, há uma leve brisa deixando a temperatura em torno de 18 graus, o céu possui algumas nuvens carregadas indicando chuva próxima. O conteúdo desta é livre.
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Mensagem por Finn S. Bennington Sex Jul 24, 2015 12:01 am


Um leão no coração e um fogo na alma.
Hey, what's going on?!

Finn Stine Bennington

A solidão aparente não enganava Finn. Fazia quase uma semana desde que o garoto chegou em Oblivion e ainda assim não teve contato com nenhum dos outros prisioneiros, chegava a desconfiar se realmente havia alguém ali além dele, mas a postura dos chamados "Sentry" indicava mais que claramente que havia outros detentos.

Durante os poucos dias sem contato com outros detentos, Finn tentou escapar mais vezes do que os guardas puderam contar, mas era como se eles soubessem tudo sobre o mutante. Nunca deixavam Finnick encostar em nenhum deles, então o plano de se transformar em um guarda foi por água abaixo. Estranhamente, o garoto nunca viu nenhum animal dos que são possivelmente encontrados em prisões, como ratos e pombos. Era como se eles tivessem preparado uma prisão anti-shapeshifter.

Todas as vezes que tentou escapar na forma de rato foi facilmente identificado, sem contar que as transformações estavam mais difíceis de serem controladas. Semanas atrás Finn conseguia mudar de um hamster para uma girafa em dois segundos, mas agora lutava para se manter mais de cinco minutos em uma forma, seus ossos doíam cada transformação e os efeitos colaterais duravam por mais tempo, era possível encontrar o garoto com a respiração acelerada de um roedor depois de uma hora após ter retornado à forma humana.

A porta da cela provisória de Finnick foi aberta por um mecanismo automático, apesar de não ter visto ninguém, sabia que estava sendo observado. O mutante saiu do "aposento" e se viu em um longo corredor que aparentemente dava para um lugar a céu aberto. Não era louco de tentar fugir correndo, sabia que do lado de fora seria apenas um pátio aonde prisioneiros tomam banho de sol, mas decidiu ir em direção a porta, fazia tempo desde que não respirava ar puro.
______________________________________________________________

Ao atravessar a porta, sentiu na hora uma brisa gelada. Não que Finn considerasse 17 graus algo gelado, ele veio da Finlândia, estava acostumado com temperaturas negativas, mas a solidão e a sensação de impotência enfraqueciam sua mente. Após os olhos se acostumarem com a luz exterior - algo que não levou muito tempo, estava no entardecer - Finninck se viu em uma quadra poliesportiva. Não sabia muito bem o que deveria fazer, pensou em procurar sua cela que o diretor de Oblivion havia dito, mas decidiu ficar mais um tempo respirando ar puro.

O mutante andou até o meio da quadra e olhou em volta, não havia guardas por perto, mas Finn aprendeu que sempre estava sendo vigiado, então se transformar em uma águia e tentar voar para longe de Oblivion não era uma opção, a não ser que quisesse levar um tiro e cair como um pato abatido. Observou as nuvens carregadas e estreitou os olhos. "Eles me tiram da cela em um dia que ameaça chover pois sabem o quão difícil é voar na chuva", pensou Finn, "Mas é só uma questão de tempo até eu ir embora desse lugar."

Uma besta dentro de si que não pode ser controlada.
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Mensagem por Ayra Wlodzrek Ziemowit Sex Jul 24, 2015 3:40 pm


Seres humanos são estranhos. Digo isso com propriedade. São verdadeiramente estranhos. São como camaleões: podem até demorar a se acostumarem em algum local, mas acabam se rendendo à comodidade do costume e às vezes se camuflam no meio em que vivem para se sentirem menos indefesos. Quanto mais tempo eu passava em Oblivion, mais eu via os camaleões que se contentavam com o pouco que recebiam aqui dentro e pouco se importavam se passariam o resto de suas vidas trancados ou não. Era assustador. Eu jamais aceitaria isso. Claro que sabia que existiam aqueles que usavam seus dons único e exclusivamente a seu favor, mas esse não era meu caso. Era injusto ter que ficar trancafiada, proibida de viver, quando eu não era verdadeiramente uma ameaça a nenhum estado ou constituição. Quando tudo o que eu queria era voltar pra minha vida. Tentar ser normal. Pena que normal eu, verdadeiramente, nunca seria.

Com o ranger da porta maciça da minha cela sendo aberta, sabia que aquela era a hora do “banho de sol”. Oblivion era uma prisão de segurança máxima para jovens com poderes sobrenaturais, mas até que eles sabiam ser bonzinhos de vez em quando, permitindo que os detentos desbravassem o local onde passariam boa parte de suas vidas. Eu estava ali há quatro meses, para mim era mais que suficiente e já queria ir embora, mas o caso é: eles eram “bonzinhos” a ponto de nos permitir sair de nossas celas por um motivo óbvio. Éramos obrigados a tomar doses e mais doses de remédios que anulavam nossos poderes, dessa forma não tínhamos muito o que fazer a não ser seguir as regras até que encontrássemos o plano perfeito e escapar dali. Tadã! Eu precisava ter paciência, mas ela estava se esgotando a cada dia.

Entediada como estava todos os dias, não tinha muito o que fazer a não ser dar uma caminhada por aí. Exatamente o que fiz. Já nos primeiros passos no corredor que dava acesso ao lado externo da prisão, pude sentir uma mudança climática evidente. Dentro da cela era morno e fora estava ameno. Desconhecia exatamente que horas eram, entretanto, ao fitar o céu, pude ter uma noção de que a noite estava mais próxima. Bem, talvez essa sensação também fosse por conta das diversas nuvens carregadas indicando chuva. Eu seria uma pessoa extremamente feliz se chovesse agora.

Fitava o céu com tamanha intensidade e curiosidade que demorou um instante para que percebesse que não estava sozinha na quadra. Pendi a cabeça para o lado, analisando a figura à minha frente por um minuto. Alto, cabelos castanho claro e maxilar anguloso. Era tudo o que eu podia notar na posição em que ele estava: olhando para cima com certa curiosidade. Eu não tinha tido contato com muitos detentos desde que chegara, com exceção do meu colega de quarto meio maluquinho, então conversar com alguém estava começando a ficar estranho pra mim. Ainda assim, não pude deixar de controlar a curiosidade que invadia-me toda vez que me aproximava de alguém. A postura marrenta do rapaz causava-me certo receio em aproximar. O máximo que posso receber é um “não quero conversar”, não é?

Dei de ombros então e ousei me aproximar, cruzando os braços sobre o peito de forma cautelosa. — Huh... Se está pensando em uma forma de fugir, por favor, compartilhe. — Falei baixo em tom de brincadeira, abrindo um sorriso gentil de canto. — Adoraria sair desse inferno o quanto antes. — Bufei. A última frase saiu sem que eu pensasse. Pela primeira vez desde que chegara a Oblivion me permiti dizer aquilo. Mais do que querer sair, eu precisava sair daquele inferno.
606 palavras, com Finnick.

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Mensagem por Finn S. Bennington Sex Jul 24, 2015 9:38 pm


Não havia escutado com muita atenção; o sol caía com demasiada força nesse vale sem sombras,
The Oasis Girl

Finn Stine Bennington

Em qualquer outro dia, Finn teria notado a aproximação da garota, mas era um dia em que não apenas o céu estava nublado, mas também a mente do mutante. Mas quando ouviu uma voz feminina, Finn sentiu os pelos do corpo se arrepiarem. Ao olhar na direção que veio o som, Finnick se deparou com uma garota provavelmente da mesma idade que ele, ela era baixa e tinha olhos azuis cativantes. Ela era muito bonita, Finn reparou seu corpo atlético discretamente com uma olhada rápida. A garota era como um oásis, era difícil saber se era um delírio causado pela falta de companhia na última semana ou se ela estava realmente ali.

Apesar da garota estar sorrindo e em qualquer outro momento Finn teria flertado com a garota, o mutante permaneceu sério, dando um intervalo constrangedor de dez segundos antes de se tocar que estava encarando por tempo demais. Virou de frente para a garota e deixou os braços soltos ao lado do corpo. A garota parecia ser uma detenta também, então precisava absorver ainda o fato de que pessoas do sexo masculino e feminino conviviam juntos em uma prisão.

–Não tenho nada em mente. – respondeu Finnick, sério. Pensando sozinho, o mutante percebeu que não devia ter tentado fugir tão cedo, ele deu informações demais para os sentrys, mas ainda tinha algumas cartas na manga que podia usar – O que uma garota tão sexy como você faz em uma prisão? – Pode ter parecido uma cantada descarada, e foi, mas Finn não estava se importando, já estava no fim do mundo mesmo. Enquanto esperava uma resposta da garota, Finn procurava nela algum detalhe que poderia dar mais informações sobre ela.


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Mensagem por Ayra Wlodzrek Ziemowit Sáb Jul 25, 2015 1:18 am


Quando o rapaz se virou para mim, senti como se ele fizesse uma radiografia na minha alma. Não havia nada para esconder, mas confesso que a sensação de ser observada e analisada daquela forma não me agradou. O olhar do rapaz pouco se demorou, mas foi suficiente para que eu sentisse que estava despida de alma. Quando se está em um local onde todo mundo – ou a maior parte – tem um dom especial, tudo se torna suspeito. Isso me levou a questionar se aquela sensação de estar “descoberta” era o dom do rapaz ou se era apenas minha ausência de diálogo com outra pessoa que me tornou tão antissocial que me deixou, como consequência, a falta de costume de ter outros olhos em mim além do meu refletido no espelho.

Na minha época de equitação esse tipo de coisa era mais fácil. Por estar sempre em competições, era constantemente analisada. Tudo o que eu fazia sobre o cavalo era estudado, desde a minha postura até os saltos bem – ou não – executados. Se havia algo que eu sentia mais falta, além da minha família e Bran, era o hipismo. Descruzei os braços e levei a mão direita até meu pescoço, sentindo o gélido pingente de cavalo na corrente de ouro que traduzia todo meu amor por aquele esporte. E por quem havia me dado aquela pequena e eterna recordação.

Honestamente, eu esperava que o rapaz me ignorasse e saísse de perto para evitar conversa, mas, para minha surpresa, ele respondeu. Sua voz rouca, porém firme, cortou o espaço e alojou-se em meus ouvidos. Ergui os olhos para o moço, mantendo o vago sinal do sorriso que outrora havia se formado em meus lábios. — Que pena... Eu realmente esperava uma luz no fim do túnel. — Por mais que ele tivesse adotado uma postura séria, eu simplesmente não conseguia conter os pequenos lapsos de bom humor que eventualmente apareciam em minhas colocações. Lapsos esse que foram adicionados também na pergunta dele.

O loiro parecia não estar brincando, entretanto a palavra sexy soou incrivelmente cômica para mim. Senti meu rosto queimar, provavelmente as bochechas estavam tomando uma cor rubra de vergonha. Meus olhos se arregalaram sutilmente, franzi o cenho e tive que morder o lábio inferior para conter uma risada. Não estava rindo dele e sim de mim. Parecia ter passado uma eternidade desde a última vez que alguém me citou dessa forma. Sexy. Ergui as mãos com as palmas viradas para o rapaz, abanando-as negativamente, assim como minha cabeça, repetidas vezes. — Não deve estar aqui há muito tempo, certo? Porque existem várias garotas sexys por aí, e eu absolutamente estou longe de ser uma delas. — Se tinha uma coisa que eu tentava não ser era atraente. Não que eu não quisesse ser notada, mas em um lugar como aquele quanto mais invisível você for, melhor.

Seja gentil, Ayra! Demorou um segundo para que eu notasse o que havia feito: desprezado um elogio. Se minha mãe estivesse por perto, provavelmente estaria fazendo uma cara feia. — Quero dizer: muito obrigada. — Corrigi, tomando a liberdade de analisar nele o que não fora possível anteriormente. Maçãs do rosto delineadas, nariz fino, lábios estreitos e bonitos, mas os olhos era o principal atrativo do homem. Inquiridores. Buscadores de informações. Analisadores. Era inegável que ele era um tipo atraente não só dentro de uma prisão. Se fosse para defini-lo fora dali, chutaria pelo menos um bom modelo fotográfico. Tive que me concentrar na pergunta para desfocar dos olhos claros do homem. — Acredite, eu não faço ideia do que eu estou fazendo aqui. — Comecei, colocando as mãos nos bolsos traseiros da calça que usava. — Digo... Eu sei que estou aqui por ser “especial”... — Gesticulei as aspas e tornei a guardar as mãos na calça. — ... Mas não fiz nada suficientemente convincente para estar presa a não ser nascer com essa... — Parei um segundo, medindo a palavra certa para usar. — ... Anomalia? Mutação? Dom? Não sei, chame do que quiser. Isso foi tudo o que fiz: nascer. — A verdade nua e crua. Veja bem, não sou do tipo de pessoa revoltada por não ser uma humana normal, mas às vezes pensar que tudo poderia ser diferente se eu não tivesse uma genética diferenciada me causava sim uma pontada de dor. Um desejo de poder arrancar aquilo de mim. Porém, como era impossível, tudo o que me restava era conviver com o que Deus havia me dado. Por mais que eu não fosse uma pessoa que ia na igreja todos os dias, poderia ser considerada religiosa. Eu acredito sim que tudo tem um propósito, e se eu estava em Oblivion era algum plano – maléfico ou abençoado – do comandante do universo. Minha fé estava propensa a morrer a cada dia que se passava, mas eu não podia deixar de acreditar que um milagre um dia me tiraria da prisão. Porque, se não for por um milagre, eu provavelmente permaneceria a eternidade em Oblivion.

Antes que eu pudesse continuar o diálogo, senti dois pingos descerem do céu. Olhei rapidamente para cima antes de voltar a fitar o rapaz de nome desconhecido. — E lá vem ela... — Citei, imitando um daqueles engraçadinhos que gritam “lá vem a noiva” nos casamentos. A chuva estava se aproximando e eu não tinha a mínima vontade de me esconder dela. — Você, quantos bancos assaltou ou quantas pessoas matou para estar aqui? — Perguntei, usando de palpites abstratos para seguir a conversa, mantendo meus olhos desconfiados sobre o desconhecido.
907 palavras, com Finnick.

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Mensagem por Finn S. Bennington Sáb Jul 25, 2015 2:44 am


Não havia escutado com muita atenção; o sol caía com demasiada força nesse vale sem sombras,
The Oasis Girl

Finn Stine Bennington

Ao perceber que a garota estava um pouco incomodada com o olhar fixo, Finnick se permitiu sorrir um pouco para quebrar o clima tenso. Estava tão acostumado com caçadas na floresta amazônica que às vezes se esquecia além de não estar mais na forma animal, humanos não se sentem muito confortáveis sendo encarados por um estranho. Mas para sua defesa, Finn passava mais tempo em forma animal do que humano antes de Oblivion.

Finn percebeu a mudança no humor da garota quando ouviu que não tinha planos para fugir dali, olhando por outro lado isso foi muito benéfico para o mutante, que notou um pingente em forma de cavalo da garota quando ela levou a mão até o pescoço. O material que era feito não o interessava, mas ver pelo menos uma referência a um animal já animou o garoto que estava familiarizado com esse tipo de transformação, apesar de ter quase certeza de que não conseguiria se transformar no momento.

Ao perceber que a garota ficou envergonhada com o elogio, Finn decidiu se aproximar um pouco mais, a garota parecia ser uma boa pessoa, então não queria perder a chance de fazer amizade com ela. Ao ver ela indicando "outras garotas", Finn não deixou de rir um pouco e comentou mais para ele mesmo do que para ela:

–Ou você é muito modesta, ou você nunca se viu no espelho. – A garota então agradeceu o elogio, o que fez Finnick abrir um sorriso e pensar "Bem melhor. Como pode uma garota como ela se achar inferior às outras em questão de beleza? Ou será que as outras garotas daqui são anjos e eu estou no paraíso?". O mutante começou a se lembrar das "belezas" que via ao redor do mundo, Brasil, Japão, Alemanha, um tempo curto na África, poucas pessoas tinham uma beleza comparada à da detenta misteriosa. Sem querer ser vulgar, Finnick deu uma olhada rápida novamente para o corpo dela, e novamente pensou "Sexy".

Ouviu atentamente ela explicar que estava aqui apenas por causa da mutação. Finn nunca foi santo, ele sabia que merecia no mínimo uma cadeia comum – "Aonde dê para escapar" – pois já havia quebrado algumas leis, mas era de partir o coração ver alguém como a mutante, com tanto potencial, tanta beleza, estar presa em Oblivion. E o nome da "colônia penal" indicava que jamais poderiam viver vidas normais. Oblivion. Esquecimento.

Era uma situação de tirar as esperanças, tanto poder ali mas ao mesmo tempo todos incapazes de fazer algo. Era como o holocausto e as "cascas" nos campos de concentração. Cascas era o nome dado para aqueles que abandonaram as esperanças, viviam apenas por viver e muitas vezes morriam de inanição. Ele não queria se tornar uma casca.

Finnick sentiu um pingo gelado nas costas. Como animal estava acostumado a dormir na chuva, apesar de não estar transformado, ele nem se importou, apenas prestou atenção na mutante a sua frente. Ao ser questionado de seus crimes, Finnick pensou por um tempo antes de responder. Será que a garota se assustaria ao saber das coisas que ele fez? Ou ela entenderia que foi necessário pela proteção da vida natural? Decidiu ser honesto, respirou fundo e disse olhando nos olhos azuis da garota.

–Eu fui preso por imigração ilegal e roubo de identidade – Disse sentindo cada vez mais difícil de falar a medida que os crimes mais pesados chegavam – Eu era um ativista radical em defesa aos direitos e proteção aos animais e especies ameaçadas de extinção – Finnick desviou o olhar, se sentindo um pouco envergonhado – Devo ter matado algumas pessoas, nunca contei direito. Eram caçadores de baleia japoneses, piratas biológicos africanos que arrancavam chifres de rinocerontes, caçadores covardes brasileiros que ajudavam "cientistas" a roubarem plantas e caçavam especies como araras e tucanos para vender em outros países.

Era difícil falar aquilo, mas era a verdade. Finn nunca gostou de matar pessoas, mas era o único jeito d chamar atenção das mídias para esse problema. Além de que o garoto nunca usou uma arma de fogo, e talvez esse seja um de seus arrependimentos, pois toda vez que sentia o gosto de sangue humano em sua boca na forma de leão, tigre ou outro animal carnívoro, sentia vontade de vomitar, apesar de nunca ter se alimentado desse tipo de carne. Mesmo assim, era estranho para o garoto.

–A propósito, meu nome é Finn, eu me transformo em animais e outras pessoas e tudo bem você não querer falar comigo depois disso. – Brincou o garoto, mas no fundo sabia que era verdade.

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Mensagem por Ayra Wlodzrek Ziemowit Sáb Jul 25, 2015 4:12 pm


Poucas vezes sinto arrependimento por fazer ou falar alguma coisa. Dessa vez senti. Eu tinha sido invasiva e sabia disso, mas a confirmação veio com a hesitação do rapaz em me responder. A verdade era que a maior parte dos detentos havia feito algo que prejudicasse um Estado, uma propriedade privada, uma vida ou algo do tipo. Mesmo assim eles não gostavam de serem lembrados disso e eu fiz exatamente o que não deveria com o homem. Oh, merda! Praguejei mentalmente. Ele não precisava responder. Ameacei abrir a boca para me desculpar pela pergunta quando, outra vez, fui surpreendida com a resposta que veio dele. Quando começou a falar, meus orbes seguiram os do homem e, por um momento, analisei suas palavras e a veracidade dos fatos que a mim eram narrados. Suas íris azuladas eram uma boa distração, mas, para alguém que gostava de histórias alheias e prezava a sinceridade, não havia nada melhor do que o som da voz do rapaz. Eu não tinha o dom de ler mentes para ter certeza de que havia verdade em tudo o que ele me falava, porém fui ensinada muito cedo a fazer análises. A conclusão que cheguei foi: ou era absolutamente tudo verdade, ou o rapaz era um belo – literalmente – mentiroso.

Algumas palavras me chamaram mais atenção que outras, atiçando em mim a curiosidade que muitas vezes podia ser prejudicial para o convívio com as outras pessoas. Ativista radical em defesa aos direitos e proteção aos animais e espécies ameaçadas de extinção? Oi? Arqueei uma sobrancelha e um turbilhão de pensamentos rapidamente invadiram minha mente. Ele era um tipo de super herói da natureza? Pelo que me relatou, seus crimes não passavam de defesa àqueles que não podem se defender da podridão da raça humana. Apesar de odiar a banalização da vida através de homicídio, seja qual fosse o motivo, senti certo alívio ao ver que o rapaz estava envergonhado de citar seus crimes. Não é que ele queria matar. Ele precisou matar.

Caçadores covardes brasileiros? — Retruquei em tom de dúvida, querendo saber se era mesmo aquilo que eu estava ouvindo. Quando tive a certeza, foi como se acendessem um milhão de lanterninhas de emoção em mim e um meio sorriso foi estampado em meus lábios. Eu sabia o que eram esses caçadores covardes. No pantanal, o que mais tinha era esse tipo de gente. Tipo de gente que, a propósito, eu odiava com todas as minhas forças. Envergonhei-me por saber que eu poderia ter sido uma ativista também, mas não fui. Tive a oportunidade de salvar algumas espécies, mas na calada da noite. Nada que fosse tão grande quanto o que o garoto um dia fez.

Bonito nome, faz jus ao dono dele. — Soltei o elogio assim que ele se apresentou, e foi quando algumas peças se juntaram. Arregalei os olhos sutilmente e abri um sorriso mais largo, abanando a cabeça negativamente para mim mesma. Como eu não tinha adivinhado antes? — Finn. Ativista. Roubador de identidade. Você é o metamorfo. — Era óbvio. Senti-me até mesmo boba por não ter notado antes. Ouvi muitos sentrys reclamarem da dificuldade de segurar um dos mais perigosos mutantes que eles já tinham capturado. Ele podia tomar diversas formas, incluindo do diretor e dos próprios guardas, além, claro, dos detentos. — Eu seguraria sua mão, mas você sabe... — Brinquei, abrindo um sorriso. — Sou Ayra. — Estendi a mão direita para ele, canalizando energia suficiente para criar um pequeno campo magnético de proteção entre nossas mãos para que Finn não pudesse verdadeiramente me tocar. A película quase invisível fez-se presente e o contato poderia causar cócegas. — Magnocinética. — Ergui a palma da mesma mão que outrora o “tocara”, intencionando a visão da película se expandindo pelos meus dedos, piscando para Finn ao mostrar meu pequeno truque. Meu corpo trabalhava como um ímã natural à toda e qualquer energia magnética. A anulação de poderes não era total em Oblivion, só o suficiente para que não fôssemos uma ameaça.

Não há motivos para que eu não queira falar com você. Nunca matei ninguém, mas já machuquei para salvar alguns animais no pantanal. Passei os últimos sete anos no Brasil e foi a melhor época da minha vida. Todo aquele verde, todas aquelas espécies incríveis sendo ameaçadas de acabar por um bando de idiotas que só querem tirar proveito da natureza. Acredite, eu conheço pelo menos metade da sua raiva e talvez também conheça seus motivos. — Dei de ombros, rodeando o corpo de Finn para me sentar no cimento gélido da arquibancada. Toquei meu lado com a palma da mão, convidando-o a sentar.  — Eu não mordo. — Sorri.

Eu deveria teme-lo, absolutamente, mas meu fascínio por sua história e sua coragem por confessar seu dom lhe deu pontos a mais em minha concepção. — Pelo que ouvi, já esteve no Brasil, certo? E, por algum acaso já esteve no pantanal? Não ria da minha curiosidade, só estou tentando encontrar mais pontos em comum entre nós. — Apesar de pedir para que ele não risse, eu mesma já estava sorrindo. Sorria por finalmente ter uma companhia, mesmo que perigosa. Sorria também, principalmente, por me lembrar dos melhores anos da minha vida em um dos melhores lugares do mundo. Só de lembrar do pantanal meu coração ardia. E outra vez tudo o que eu sentia era saudade.
881 palavras, com Finnick.

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Mensagem por Finn S. Bennington Seg Jul 27, 2015 1:48 am


Pondes vossa esperança
Ayra

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Confessar aquilo para uma estranha que nem sabia o nome era ao mesmo tempo algo arriscado e reconfortante. Sabia que estava sendo julgado, mas também gostava de lembrar da época em que era livre, apesar de se arrepender de algumas decisões. Ser um justiceiro tem muito disso, você faz o bem, mas age fora da lei, então é preciso colocar esses fatos na balança e procurar ver qual pesa mais e buscar equilíbrio.

Para a surpresa do mutante, a garota pareceu se interessar pela história dele, chegando a perguntar sobre os "caçadores covardes brasileiros" que Finn havia comentado, então o garoto assentiu e afirmou com convicção:

-Qualquer ato contra criaturas irracionais, como caça e tráfico de animais, é um ato de covardia.

A curiosidade da mutante com quem Finn conversava o agradava e apesar da história ser um pouco assustadora, ela parecia entender as motivações do garoto e não julgá-lo de forma negativa, consequentemente o garoto estava se sentindo mais à vontade com sua companhia, chegando a dar um sorriso tímido quando recebeu o elogio da garota.

Apesar de já ter revelado seu poder para a mutante, Finn se incomodou com a forma em que ela disse "Você é o metamorfo.". O metamorfo. O. De início achou que fosse algum erro da garota na hora de dizer "um metamorfo", mas então a seguinte fala da detenta o surpreendeu "Eu seguraria sua mão, mas você sabe...". Um arrepio percorreu a espinha de Finnick "Sim, eu sei, mas a questão é: Como você sabe?", pensou o garoto. Era uma sensação estranha, naquele momento Finnick percebeu que não haviam muitos segredos em Oblivion. E é claro que os sentrys fariam de tudo para que nenhum detento encostasse no metamorfo, nem que seja avisarem diretamente para cada um ou comentarem em voz alta para deixar os corredores atentos.

Mas não podia culpar a garota, ela estava apenas seguindo instruções de Oblivion e provavelmente protegendo seu próprio corpo, uma vez que a questão do toque não era apenas um capricho do poder e sim uma forma de acessar o DNA da "vítima" em níveis que Finn se tornaria a cópia perfeita e não haveria nenhum segredo como tatuagens, cicatrizes, cor da roupa íntima (uma vez que Finnick pode mimetizar as roupas desde que estejam em contato com a pele) e até mesmo doenças.

A mutante se apresentou como Ayra, confirmando a teoria de Finn que pessoas com nomes diferentes são sempre as mais bonitas. Ela estendeu a mão para cumprimentar Finn então o garoto arqueou uma sobrancelha. "Será um truque?", pensou consigo mesmo enquanto procurava algum sinal de armadilha, mas resolveu confiar em Ayra e apertou sua mão, apenas para recuar rapidamente ao sentir certa estática quando a mão tocou em algo semelhante aos tentáculos de uma água viva, não ardia nem doía, mas dava uma sensação estranha de coceira.

Então a garota se revelou magnocinética, então Finnick não deixou de sorrir ao notar uma película fina de energia estática em volta da mão da garota. Pelo jeito Ayra causava problemas para os sentrys da mesma forma que ele causava. Imaginar os soldados serem obrigados a trocar armas de metal para um material não magnetizável era no mínimo reconfortante, mas não tão reconfortante quanto ouvir Ayra dizer que entendia as motivações que transformaram o garoto em um "justiceiro da natureza". Finn seguiu Ayra com o olhar até a garota se sentar na arquibancada e não pôde deixar de rir com o comentário dela.

-Eu também não mordo - Então mostrou os dentes como fazia quando estava transformado em algum felino - Não nessa forma.

Era bom sentir o bom humor voltar, então andou até a arquibancada e sentou do lado da garota que parecia curiosa quanto à passagem de Finn pelo Brasil. Era bom ter algo em comum com alguém em Oblivion, que abrigava mutantes do mundo todo. Não era psicólogo, mas o interesse de Ayra para coisas indo do Brasil podia representar a saudade que ela tinha de sua casa. O sentimento de frustração e raiva que Finn nutria com Oblivion crescia a cada segundo.

-Bom, eu nunca estive no pantanal, mas se eu soubesse que garotas como você moravam lá, eu com certeza faria de lá o meu lar. Lógico que eu estaria disfarçado de jacaré. - Refletiu Finn de bom humor - Agora falando sério, infelizmente eu fiquei pouco tempo no Brasil, e o tempo que eu fiquei foi na floresta Amazônica. Aquele lugar estava minado de criminosos.

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Mensagem por Ayra Wlodzrek Ziemowit Seg Jul 27, 2015 2:51 pm


Não pude deixar de refletir o comentário do metamorfo sobre a “mordida”. Seria no mínimo interessante poder se transformar em diversas cascas. Mas a questão era: ele se transformava fisicamente e ainda continuava com pensamentos humanos ou a mudança era completa, tanto física quanto psíquica? E como seria vincular os pensamentos humanos com animalescos? Como seria vincular os pensamentos próprios com de outro humano? Ou o metamorfo era incapaz de “roubar” memórias? Eram perguntas demais que eu não sabia se estava preparada para as respostas, tampouco sabia se Finn trataria bem esse assunto. Apesar de ele parecer confortável perto de mim, não queria arriscar ativar sua fúria. Odiaria perder aqueles momentos de paz tão preciosos por puro capricho e curiosidade.

Outra vez um sorriso se apossou de meus lábios quando ouvi-o comentar sobre “garotas como eu” no pantanal. Honestamente, não sabia o que ele via de tão diferente em mim, mas estava começando a gostar de não ser apenas mais uma para alguém quando em Oblivion eu era apenas mais uma mutante, mais uma garota, mais um experimento. Como suspeitava, o rapaz realmente tinha uma passagem pelo Brasil, mas não tão longa quanto a minha. Um suspiro pesado escapou por entre meus lábios ao pensar que poderia ter aproveitado muito mais daquele país maravilhoso. Uni minhas mãos com os dedos entrelaçados e apoiei o antebraço nas coxas, olhando para o vazio. — Não pude conhecer a Amazônia, mas, pelas fotos e documentários que assisti, imagino que lá seja um lugar tão belo e tão explorado quanto de onde eu vim. Talvez até mais, pela maior diversidade de árvores. — Comecei a falar, sentindo o peso da saudade.

Se você morasse lá disfarçado de jacaré, provavelmente me conheceria mais do que minha própria mãe. Era do tipo que conversava com os animais como se eles me entendessem. Mesmo que fosse perigoso invadir o habitat deles, quantas vezes já me banhei naqueles rios... — Comentei, resgatando seu comentário anterior, deixando a frase perdurar e barrando a palavra "nua" antes que saísse e causasse constrangimento. Abaixei os olhos, fitando meus pés enquanto fragmentos de recordações passavam como um filme. Outro suspiro e o aperto tão conhecido em meu peito se alastrou ainda mais. Pude sentir um chuvisco se iniciar, mas não me incomodei em sair do lugar em que estava. Apesar do rapaz ser um estranho para mim ainda, eu sentia que havia mais ligação entre nós do que era possível imaginar. — Eu sinto saudade... — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Virei meu rosto para fitar o metamorfo, permitindo que meus ombros caíssem. — ... Saudade de tudo. Do verde. Dos rios. Das espécies raras. Dos banhos em cachoeiras, de cavalgar sem me preocupar se estava sendo observada, do nascer e o morrer do sol colorindo o céu todos os dias com uma cor diferente e etecetera, etecetera e tal. — Meu sorriso era largo, sincero, notoriamente de satisfação. — Minha vida é um inferno agora, mas a esperança de poder voltar para o meu pedacinho do céu é o que me faz respirar todos os dias. Sabe de uma coisa, Finn? — Arqueei uma sobrancelha inquiridora, adotando então uma postura ereta. — A esperança é o antídoto para o medo. — Concluí, lançando uma piscadela para ele. Era a primeira vez que eu me abria dessa forma para alguém. Esperava, de todo coração, não ter feito a escolha errada.
552 palavras, com Finnick.

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Mensagem por Finn S. Bennington Ter Jul 28, 2015 9:45 pm


Pondes vossa esperança
Ayra

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Ayra falava com tanta paixão do lugar em que ela costumava morar que Finn se perguntou se algum dia havia sentido aquilo por qualquer país que visitou. Helsinque era sua casa, mas não nutria um sentimento de amor e admiração pela cidade. O Japão era um lugar muito movimentado e tecnológico para um metamorfo se sentir bem. Os países europeus que visitou foram apenas para conseguir informações e intermediar as viagens. O curto tempo que passou na África não havia sido o suficiente para para estabelecer uma casa e a passagem pelo Brasil foi mais a trabalho do que outra coisa.

"Posso dizer que sou um satélite para sempre em órbita", pensou o mutante. Então passou a fitar Ayra enquanto ouvia a mutante falar sobre onde ela morava. A garota realmente nutria um sentimento por aquele lugar que Finn se perguntava se também sentiria o mesmo ao visitar o pantanal. O garoto sentiu um chuvisco começar, o que pareceu não perturbar Ayra. Finn gostava do jeito que ela se comportava, parecia ter esperanças em fugir de Oblivion e era disso que precisava, de uma aliada. Também não parecia ser uma garota cheia de frescuras, o jeito que ela ficava em um lugar a céu aberto mesmo com uma pequena garoa era algo que nenhuma outra garota que Finn conheceu teria coragem de fazer.

O garoto sorriu largamente quando Ayra deu uma piscadela, então fechou os olhos e deixou as palavras de Ayra se repetirem em sua mente. "A esperança é o antídoto para o medo". Ficou mais claro para Finn que a magnocinética era muito corajosa simplesmente por ter muita esperança em retornar. Ela tinha um lugar para voltar, mas e Finn? O metamorfo preferiu ignorar esse pensamento e então olhou para Ayra sorrindo abertamente.

-Você tem razão - Disse Finn, desviando o olhar para os muros de Oblivion e depois voltando para a garota - Não vou deixar essa atmosfera me consumir. Você disse mais cedo que não sabia do que chamar suas habilidades, dons ou poderes, eu gosto de chamá-los de dádivas. Eu acredito que recebemos isso da própria natureza para concertar o que o homem fez no mundo. É uma pena estarmos todos trancados nesse lugar.

A última frase saiu quase como um sussurro. Finn não sabia quantos detentos haviam em Oblivion, mas mesmo que houvesse apenas um além deles, seria um desperdício para o resto do mundo. Ayra podia destruir exércitos e parar guerras com um simples abano de mão, mas ao invés disso preferiram trancá-la e deixá-la para o esquecimento a consumir. Sorte de Finn que Ayra não se curvava para Oblivion e sabia que com a ajuda dela, aqueles muros iriam cair.

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Mensagem por Ayra Wlodzrek Ziemowit Qua Jul 29, 2015 11:18 pm


Você tem razão. Eu tenho? Não queria que minhas palavras soassem como uma frase feita, eu não gostava de frases feitas, mas havia acabado de criar uma que pareceu causar efeito em Finn. Disso eu gostei. Cheguei até a estufar o peito por orgulho de mim mesma. Era errado gostar de motivar alguém? Eu não sabia, mas gostava da sensação. As palavras seguintes proferidas pelo metamorfo prenderam completamente minha atenção. Minha atenção estava focada nos lábios finos e avermelhados de Finn, na forma com que ele “enchia a boca” para dizer que nossos dons eram dádivas. Fato incontestável. Mas, sua última frase foi a que mais me afetou. Saiu em um tom baixo, quase como uma prece. Era um desejo escondido sob um lamento.

Acenei afirmativamente uma vez, passando a língua por meus próprios lábios para umedecê-los. Senti o gosto de chuva assim que o fiz e olhei para cima, deixando que as palavras de Finn perdurassem por mais algum tempo. O que era ouvido por ambos era apenas o barulho suave da chuva engrossando contra o cimento da quadra gasta. Fechei os olhos, apreciando a sensação dos pingos tocarem meu rosto como uma carícia da natureza. — Não vamos ficar trancados aqui por muito tempo, Finn. Eu acredito nisso. Eles, sejam lá quem for, vão precisar de nós para fazer as vontades deles fora daqui e essa será nossa hora de ir embora. — Olhei para ele uma vez mais, dessa vez virando o corpo todo para seu lado. Cruzei as pernas sob mim em forma de borboleta e deixei os antebraços escorados nas coxas. — Quando sairmos, quero que vá ao pantanal comigo. Tenho absoluta certeza que vai se apaixonar pelas raridades que encontramos por lá. Claro, se não tiver outro lugar para ir. — Dei de ombros. Provavelmente ele teria um lugar para voltar, ou alguém por quem voltar, ou qual seria a motivação de viver de Finn? Essa era uma pergunta que eu jamais faria. Era como cutucar uma ferida profunda.

Mas, por hora, faça-me um favor? — Arqueei uma sobrancelha e esfreguei as palmas das minhas mãos uma nas outra, logo estalando os dedos de excitação. — Transforme-se? Uma parte do corpo, que seja, não precisa ser inteiro. Em um animal, ou sei lá, em um humano. — Soltei uma risada, passando a mão pelos cabelos úmidos por conta da chuva. — Eu não sei, escolha. Apenas... Me permita ver? — Escorei o cotovelo na perna e o queixo nas mãos unidas, fitando-o ansiosamente. Não queria que ele pensasse que eu pensava que ele era uma experiência. Confuso, sim. Eu estava apenas... Eu não sei. Encantada, talvez.
433 palavras, com Finnick.

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Mensagem por Finn S. Bennington Qui Ago 06, 2015 1:42 am


Um leão no coração, uma águia na alma
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O silêncio se estendeu por alguns segundos, apenas absorvendo as palavras junto ao som da chuva. O simples fato de ter companhia já alegrava Finn, que estava acostumado a ficar sem contato humano por dias ou até semanas, então ter alguém era algo relativamente novo e curioso, e bom. O metamorfo sentiu o pingos da chuva engrossarem, essa sensação trouxe memórias como um flashback do tempo que ficou na África.

Um lugar para chamar de casa:

Finn olhou para Ayra e sorriu ao ver que ela apreciava a chuva. Então ouviu em silêncio o que ela pensava. Que algum dia eles precisariam de nós e nós estaríamos livres, mas o mutante não sentia isso. Ele sentia que a gaiola de Oblivion estava cada vez mais se fechando. Então se apoiou com as duas mãos no chão, olhando para a garota que estava sentada com as pernas cruzadas. Finn se permitiu olhar de relance para as coxas da garota, então voltou a olhar em seus olhos (talvez um hábito de suas formas animais) enquanto ouvia o convite da garota.

-Eu adoraria ir com você para lá - disse o metamorfo sorrindo - Não tenho um lugar que eu possa chamar de casa, estou mais para um andarilho, então vou adorar conhecer o seu paraíso.

Então Finnick ouviu o pedido da garota. Ela queria que Finn se transformasse, demonstrasse pelo menos uma fração de seu poder. Infelizmente, essa fração era todo o potencial que Finn possuía no momento, mas não deixou se abalar e levantou sorrindo, olhou nos olhos da garota e disse alegremente:

-Achei que nunca iria pedir - Estalou os dedos como se estivesse se preparando - Só porque você gosta de cavalos.

O metamorfo respirou fundo e começou o processo de transformação. Inicialmente sentiu a pele vibrar e uma sensação de ardência no couro cabeludo, os cabelos estavam crescendo, sentiu os ossos queimarem e diminuírem de tamanho, nesse momento Finn percebeu que estava se transformando em uma mulher, não em um cavalo. Revirou os olhos e olhou para Ayra se sentindo envergonhado. Ele havia se transformado em uma garota alemã que havia roubado a identidade no passado. Olhou para a mutante.

-Estou bonita? - Brincou Finn com a voz alterada pela transformação.

Então o garoto respirou fundo e fechou os olhos, se concentrando. Ele precisava se transformar em algum animal. Sentiu novamente a pele começar a vibrar e os ossos sofrerem mudanças radicais, parecendo que estavam sendo quebrados centímetro por centímetro. Se curvou até ser obrigado a apoiar as mãos no chão, que já estavam se transformando em patas equinas listradas. Os músculos e o crânio se alongavam para se transformar em um focinho de cavalo, o corpo doía como se milhares de martelos o atingisse, isso nunca havia acontecido antes, mas era um efeito dos medicamentos. Ao terminar a transformação Finn se esticou e sentiu seu corpo novo, mas reparou que estava menor que um cavalo comum. Olhou para as patas e viu que havia se transformado em uma zebra. "Droga" pensou a zebra sentindo os pingos de chuva caírem nas costas, molhando os pelos e a crina.

Um fera dentro de si impossível de controlar.
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