[RP] Roommates

 
Meus dias naquela prisão não eram felizes, não me conformava como alguns deles apenas aceitavam aquilo. Tivemos a porra de nossas liberdades arrancadas de nós, nos dopavam diariamente com a desculpa de ajudar a controlar nossos poderes. Simpatizava com os que tentavam escapar, infelizmente esses eram os que pareciam ser mais abusados pelos Sentrys. Mas as manifestações involuntárias de meu poder eram hilárias, na maioria das vezes pessoas caíam ao meu lado e eu não me importava mais em ajudá-las, elas nunca saberiam que era eu mesmo. No começo eu até as segurava, mas agora me poupava do esforço, não achava o porquê disso mais.

Mas desistir dessa liberdade não foi fácil. Eu que comecei a vida com nenhuma chance de sucesso em um orfanato, tendo que passar por um abuso para conseguir o mínimo de poder, passar a ter a tão querida liberdade para depois perdê-la de novo era no mínimo frustrante. Eu tinha o poder de fazer o que eu queria, tinha meu próprio dinheiro, minha própria cama. Tudo me foi negado assim que descobriram que eu carregava a mutação, agora eu vivia em um lugar inumano, nem o lugar que eu dormia era limpo.

Respirei fundo e o cheiro desagradável da cela infiltrou em minhas narinas, precisava de um ar fresco urgente, mas estava com preguiça de levantar. Apesar de a cama ser um pouco desconfortável, era onde eu podia ficar sozinho, podia me perder em meus pensamentos sem ter alguém me incomodando. Mas eu até gostava de ter alguém comigo naquele lugar, a presença de outros me confortava, de certa maneira. Ainda não sabia por que trocaram o Jordan de cela, era estranha uma coisa tão... randômica, mesmo eu controlando essas coisas "randômicas", não sabia ao certo como elas funcionavam.

Foi então que a "paz" acabou. A porta da cela se abriu, provavelmente eu iria para outro experimento estranho ou simplesmente apanhar. Engoli seco, esperando pelo responsável mostrar as caras. Para minha sorte, ou azar, não era um deles. Parecia ser o meu novo companheiro de cela, eu sabia que minha solidão não ia durar muito, infelizmente. Ele tinha umas feições interessantes, por dentro daquelas roupas com certeza tinha alguns músculos. Impulsionei meu corpo para cima e sentei no meu colchão, sorrindo — Não me importa muito, é bom ter companhia — umedeci os lábios e apontei para onde o outro colchão estava — Ali é onde você dorme. E eu não fiz nada em cima dele, então... relaxe. — meus olhos não saíam do rosto dele, percebi depois de um tempo que seus olhos eram claros, verdes se eu não me engano. — Andrew, prazer. — o observei arrumando suas coisas, meio sem jeito. Esperava que fosse uma pessoa interessante, pelo menos assim a divisão do espaço seria mais agradável.